Clínica Integrada Kids & Family Cristiane Martins – Oliveira de Azeméis
Introdução: A Importância da Forma Como a Criança Respira
Respirar é tão automático que raramente pensamos na forma como o fazemos. No entanto, para uma criança em desenvolvimento, respirar pelo nariz ou pela boca pode ter consequências muito diferentes.
A respiração nasal é a via natural e ideal, pois filtra o ar, melhora a oxigenação e permite que a língua ocupe a posição correta dentro da boca.
Quando este padrão é alterado e a criança passa a respirar pela boca — de dia, de noite ou ambos — inicia-se uma série de adaptações no corpo, muitas delas prejudiciais.
Na Clínica Integrada Kids & Family Cristiane Martins, em Oliveira de Azeméis, observamos que muitas das dificuldades respiratórias e ortodônticas começam, precisamente, com o estabelecimento da respiração oral. Por isso, o tema merece uma explicação clara, didática e acessível a todas as famílias.
O Que é Respiração Oral?
A respiração oral acontece quando a criança deixa de utilizar o nariz como principal via respiratória e passa a respirar predominantemente pela boca. Este comportamento pode surgir por dois motivos distintos: obstrução e hábito.
Respiração Oral por Obstrução
Neste caso, a criança não consegue respirar pelo nariz devido à presença de um bloqueio físico. As causas mais comuns incluem aumento das adenoides, hipertrofia das amígdalas, rinite alérgica persistente, sinusites frequentes ou desvio de septo. Como o ar encontra dificuldade em passar pelas vias nasais, o corpo adapta-se respirando pela boca para garantir a entrada de oxigénio.
Respiração Oral por Hábito
Mesmo após a obstrução desaparecer, ou mesmo sem nunca ter existido um bloqueio real, algumas crianças mantêm o costume de respirar pela boca. Pode estar relacionado a postura incorreta, flacidez muscular, sono inadequado ou comportamentos adquiridos ao longo do tempo. Embora menos grave do que a respiração oral obstrutiva, também provoca alterações significativas e exige intervenção.
Como a Respiração Oral Afeta o Palato e o Desenvolvimento Facial
Quando respiramos pelo nariz, a língua encontra-se naturalmente posicionada no palato — o “céu da boca”. Esta posição estimula o crescimento transversal da maxila, permitindo que o palato se desenvolva de forma larga, plana e simétrica. Contudo, na respiração oral, a posição da língua altera-se. Ela desce para o fundo da boca e deixa de contactar o palato. Sem estímulo, o palato cresce verticalmente em vez de lateralmente, tornando-se:
- mais estreito,
- mais alto,
- mais profundo.
Estudos científicos demonstram que estas alterações são particularmente acentuadas em crianças com respiração oral por obstrução. Nestes casos, o palato tende a apresentar um formato mais “ogival”, que reduz o espaço disponível para os dentes, favorece mordidas cruzadas e contribui para desalinhamentos dentários. Além disso, um palato alto diminui o espaço da cavidade nasal, agravando ainda mais as dificuldades respiratórias — um ciclo vicioso que se reforça mutuamente.
Consequências Práticas para o Dia a Dia da Criança
As alterações no palato e na respiração têm impacto direto no comportamento diário e na qualidade de vida da criança. A respiração oral está associada a sono inquieto, cansaço matinal, boca seca, má oclusão dentária, maior risco de cáries, dificuldade em mastigar, fala imprecisa e até problemas de atenção e rendimento escolar. Alguns pais relatam também ronco frequente, postura corporal inadequada e um padrão facial mais alongado.
Na criança respiradora oral, até tarefas simples como mastigar alimentos mais duros podem tornar-se difíceis, uma vez que toda a musculatura orofacial se adapta de forma incorreta quando a boca permanece constantemente aberta.
Avaliação Clínica na Kids & Family Cristiane Martins
O diagnóstico correto é essencial para definir o tratamento adequado. Na Clínica Integrada Kids & Family Cristiane Martins realizamos uma avaliação multidisciplinar, analisando a forma como a criança respira, como engole, como mastiga e como posiciona a língua.
Observamos ainda os sinais faciais típicos de respiradores orais, como lábios entreabertos, palato estreito, postura da cabeça para a frente e olheiras persistentes.
Quando necessário, encaminhamos para otorrinolaringologia, de modo a avaliar com precisão a presença de obstrução nasal. Exames complementares — fotografias intraorais, radiografias ou scanners digitais — ajudam-nos a compreender a extensão das alterações estruturais no palato.
Tratamento: Como Corrigir a Respiração Oral
O sucesso do tratamento para respiração oral depende da identificação da causa. Caso exista obstrução nasal, ela deve ser tratada primeiro. Em muitos casos, o tratamento médico inclui higiene nasal frequente, medicação controlada para alergias, ou remoção das adenoides ou amígdalas quando estas comprometem a passagem do ar.
Após restaurar a respiração nasal, ou nos casos em que o problema tem origem funcional, iniciamos a reeducação muscular com terapia da fala. Esta abordagem ensina a criança a posicionar corretamente a língua, a fechar os lábios, a mastigar e engolir de forma adequada. É um passo fundamental para corrigir o padrão respiratório de forma definitiva.
Quando o palato já se encontra estreito ou alto, o ortodontista intervém com técnicas de expansão maxilar, dispositivos funcionais ou aparelhos dentários que recuperam a largura adequada da arcada. A combinação da ortodontia com a reeducação funcional garante resultados mais estáveis e duradouros. Este conjunto integrado constitui o verdadeiro tratamento respirador oral, que devolve à criança um padrão respiratório saudável e o correto desenvolvimento craniofacial.
O Papel dos Pais na Identificação Precoce
Os pais são fundamentais no processo de deteção e acompanhamento. Observar a criança enquanto dorme, reparar se mantém a boca aberta durante o dia, se ronca com frequência ou se apresenta postura corporal alterada, são sinais importantes. Quanto mais cedo se identificar o problema, mais fácil será a intervenção e mais rapidamente se consegue evitar alterações estruturais significativas.
Conclusão: Respirar Pelo Nariz é Fundamental para Crescer Bem
A respiração oral não é apenas um hábito inofensivo. Ela transforma a forma como a criança cresce, altera o palato, influencia a posição dos dentes, afeta o sono, o comportamento e até o desempenho escolar. A boa notícia é que, com diagnóstico precoce e com um tratamento adequado — integrando medicina, ortodontia e terapia da fala — é possível corrigir o padrão respiratório e permitir que a criança recupere uma vida plena, saudável e equilibrada.
Na Clínica Integrada Kids & Family Cristiane Martins trabalhamos diariamente para garantir que cada criança respire melhor, durma melhor, fale melhor e cresça com o máximo potencial.




